sexta-feira

Moniz Freire

Foi lendo o livro de Jose Cândido Rifan Sueth, mestre em história social das relações políticas, que de fato entendi porque Moniz Freire ocupa um lugar especial no hall de personalidades capixabas, tendo deixado sua marca como personalidade política na história do Espírito Santo. E aqui está, portanto, a razão de existir deste artigo.

José de Melo Carvalho Moniz Freire, nasceu em 13 de julho de 1861, natural de Vitória, cursou direito na Faculdade de Recife tendo concluído o curso na área jurídica em São Paulo. Já em Vitória fundou alguns jornais. Casou-se com uma paulistana com quem teve nove filhos e, em 2 de maio de 1892, foi eleito presidente do estado [1].

Tinha, como meta de trabalho, a construção de uma linha férrea unindo Minas Gerais e Espírito Santo, para tanto o estado contraiu a primeira divida externa, de 17 milhões e quinhentos mil fracos franceses, que foram de fato aplicados na construção da estrada de ferro Sul do Espírito Santo, que faria ligação entre Vitória e Cachoeiro de Itapemirim. Povoar o solo e transformar Vitória em um grande centro comercial era seu sonho. 


Trouxe ao estado 20 mil italianos a fim de trabalharem diretamente na lavoura. Implementou a navegação a vapor no Rio Doce e promoveu a expansão da ilha de Vitória com o projeto Novo Arrabaldi. Todavia, a carência de autonomia em relação ao governo central impediu a continuidade dos planos tão esperançosos. O próprio Governo Federal não assistia o estado, negligenciando varias reivindicações e pedidos de auxilio feitos pelo então governador Moniz Freire, São Paulo, por sua vez, era preferido. A exemplo da necessidade de um serviço regular de higiene para o Estado, assim se queixa Moniz Freire:

“[...] porque faltam-nos para isso pessoal competente, recursos, e outros elementos indispensáveis, dos quais no Brasil só dispõem a Capital Federal e São Paulo, que têm dependido muitos milhares de contos para montá-lo[...].”[2]

Outro exemplo claro da insignificância a qual era arremetida o E.S., apesar de ser a nona renda do país, estava na representatividade nos ministérios. O estado encontrava-se entre os seis estados sem nenhuma representação nesse organismo. Com o termino do primeiro mandato, em 23 de maio de 1896, sendo então sucedido por Graciano dos Santos Neves, o quadro se agravou. Governado o estado em uma situação bastante difícil, devido a crise do café, Graciano suspendeu quase todas as obras planejadas por Moniz, com exceção da via férrea.

Em meio ao contexto de baixa dos preços do café no mercado, em 23 de maio de 1900, Moniz Freire dá início ao seu segundo mandato. A seca abate os agricultores capixabas, agravando a situação produzida pela crise do café. O “Espírito Santo viu-se obrigado a pedir a moratória aos credores estrangeiros em 1902.” [3]

A fim de enfrentar a crise Moniz não vê outra saída se não corte de gastos públicos. A possibilidade de um novo recurso econômico para o estado estava na exploração da areia monazítica do litoral capixaba, que devido a um problema jurídico relacionado a constituinte de 1891, sofreu dificuldades de se efetivar. Moniz se queixa-se do Governo Federal:


a execução desse contrato tem sido dificultado por atritos entre a União e o estado, devido a falta de delimitação da área de marinhas na zona onde a exploração teve começo.[4]

A crise cafeeira assolava as zonas produtoras, levando Moniz Freire a tomar a iniciativa de procurar o presidente de São Paulo, a fim de, juntos mandarem carta aos governantes de Minas Gerais, Rio de Janeiro e Bahia, convidando-os a uma ação conjunta, para um inteligente trabalho de marketing dirigida a Europa, com intuito de arrebanhar novos mercados consumidores, o que poderia resolver o problema da superprodução causa primaria da crise. Dentre as prerrogativas do plano de Moniz, estavam a distribuição de café nas fábricas européias, liceus, exército e marinha, com a finalidade de fomentar novos consumidores em potencial, também, organizar estatísticas que permitiriam um plano de manobras em momentos de crise e estabelecimento de relações diretas entre comércio e os mercados consumidores. Um projeto audacioso, todavia, nada foi levado a diante, o que leva a novas queixas por parte de Moniz:

“não poderia o nosso estado, pequeno e exausto como se acha, pretender presentemente tomar nenhuma iniciativa no sentido de forçar uma deliberação eficaz sobre esses assuntos; por mais que a sua sorte esteja aí envolvida, sua posição não pode ser senão de passividade resignada.”[5]

Assim está o estado do Espírito Santo em seu governo: “pequeno e exausto”, impossibilitado de “iniciativa”, encontrando se numa posição de “passividade resignada”; no mais sem autonomia. Tende a se agravar com relação ao saldo devedor externo. Por fim, em 1903, é inaugurada a ligação férrea entre Cachoeiro e o Rio de Janeiro, porém o café do sul do estado continuou a ser exportado pelo Rio de Janeiro, entre outras razões devido ao baixo valor do frete Vitória/Cachoeiro, ser mais caro que o Cachoeiro/ Rio. Perpetuava-se deste modo a dependência do estado.

Moniz questiona a centralização do poder, e reclama da posição de subordinação em relação à União. O Espírito Santo estava em uma situação de fragilidade, quando comparado co outros estados considerados de primeira ordem.

É em meio a um ambiente de pessimismo e de possibilidade de agravamento das dependências que ele termina seu segundo mandato em 1904.

Notas:
1. FRANCO, Sebastião Pimentel; HEES, Regina Rodrigues. A República e o Espírito Santo. Vitória: multiplicidade, 2003. Pg. 48 e SS.
2. SUETH, José Candido Rifan. Espírito Santo, um estado "satélite" na primeira república: de Moniz Freire a Jerônimo Monteiro (1892-1912). Vitória: Flor & Cultura, 2006. Pg. 72.
3. FRANCO, Sebastião Pimentel; HEES, Regina Rodrigues. A República e o Espírito Santo. Vitória: multiplicidade, 2003. Pg. 51.
4. SUETH, José Candido Rifan. Espírito Santo, um estado "satélite" na primeira república: de Moniz Freire a Jerônimo Monteiro (1892-1912). Vitória: Flor & Cultura, 2006. Pg.82.
5. SUETH, José Candido Rifan. Espírito Santo, um estado "satélite" na primeira república: de Moniz Freire a Jerônimo Monteiro (1892-1912). Vitória: Flor & Cultura, 2006. Pg.83.

Bibliografias:
FRANCO, Sebastião Pimentel; HEES, Regina Rodrigues. A República e o Espírito Santo. Vitória: multiplicidade, 2003. 
SUETH, José Candido Rifan. Espírito Santo, um estado "satélite" na primeira república: de Moniz Freire a Jerônimo Monteiro (1892-1912). Vitória: Flor & Cultura, 2006.

Mais prêmio...Meu amigo Dan (selo MasterBlog)


Desta vez meu amigo Dan, seu blog (http://dan-poucodetudo.blogspot.com/) POUCO DE TUDO, é daqueles que você encontra de tudo um pouco. Um escritor fenomenal e uma pessoa formidável, assim é meu amigo Dan. Meu “muitississimo” obrigado meu caro amigo, farei por merecer concerteza.

O recebimento do selo inclui as seguintes regras (para quem quiser incluí-lo em sua página virtual):

1. Postar o selo.
2. Colocar no seu post o nome do blog que te indicou ao prêmio.
3. Escrever uma mensagem de agradecimento ao blogueiro que te indicou.
4. Abaixo do selo descrever 5 características suas.
5. Indicar o prêmio a 5 ou mais blogs para receber o selo

Meus indicados são:
http://paulo-veras.blogspot.com/
http://revistacommento.blogspot.com/
http://psicopedagogia-online.blogspot.com/
http://ederlira.blogspot.com/
http://criticidadesmetropolitanas.blogspot.com/

DOMINGO, 9 DE AGOSTO DE 2009

Selo de Ouro: obrigado Júnia, minha amiga.


HiStO é HiStÓrIa recebeu seu SELO DE OURO da minha amiga, também historiadora, Júnia Lemos que é dona de um fantástico blog, “Aconteceu Naquela Noite” (http://aconteceunaquelanoites.blogspot.com/). Meu muitíssimo obrigado minha cara amiga, fico lisonjeado pelo carinho.


Obs. A aceitação do prêmio implica na obediência às regras listadas abaixo, entre as quais a publicação deste post.

As regras do prêmio são as seguintes:

1- Exibir a imagem do "Selo de Ouro"

2-Postar o link do blog que lhe indicou.

3-Indicar 4 blogs de sua preferência.

4-Avisar seus indicados.

5-Publicar as regras.

6-Conferir se os blogs indicados repassaram o selo e as regras.

Blogs indicados:

http://revistacommento.blogspot.com/
http://psicopedagogia-online.blogspot.com/
http://ederlira.blogspot.com/
http://criticidadesmetropolitanas.blogspot.com/
Os indicados entrem em contato comigo p/ requisitar o hiper link do selo.

SEGUNDA-FEIRA, 3 DE AGOSTO DE 2009

O Caos Nosso de Cada Dia: um livor de Novaes

Pegue 
1.800 ônibus cheios e fumegantes;
70 mil carros particulares;
30 mil vagas;
centenas de caminhões;
17 mil táxis,
1 milhão de pedestres 
e misture bem(não precisa bater).
Adicione 1.489 buracos,
500 sinais sem sincronia,
250 guardas sem iniciativa.

Leve tudo ao forno do centro da cidade.
E em menos de cinco minutos estará 
Justificarpronto o maior bolo do mundo, 
chamado trânsito carioca.
Quem nos dá a receita é Carlos Eduardo Novaes. O Caos Nosso de Cada Dia era para ser uma obra crítica de um observador com excelente senso de oportunidade, e é. Só que ela vai muito mais além, adentrando profundamente em um doce lado ridículo de nossas vidas caóticas, o livro nos mostra onde está a graça de viver.


“Com o modo unissex, as mulheres querem formar frente única com os homens: para derrotar os outros sexos.”(...)”Se Freud fosse vivo, diria que o movimento de libertação da mulher é pendular. E provavelmente o chamaria de Woman’s Libido.”

Mordaz, sagaz, irônico? Ou tudo de uma só vez? Novaes, batizado como Carlos Eduardo de Agostini Novaes, é carioca, tendo nascido em 13 de agosto de 1940 (logo num 13). Foi parar na Bahia para fazer direito pela Universidade Federal da Bahia (não que tenha feito algo de errado). Para viver, foi ele de tudo um pouco, trabalhou como agente rodoviário, sócio de uma fabrica de sorvetes e, até chegou a ser burguês como, dono de uma dedetizadora. Mas, seria como cronista do Jornal Última Hora, já no Rio de Janeiro, que o mundo começa a assisti-lo como um homem que não seria de meias palavras. Em 1972 acabou por aportar, com prognósticos bem-humorados, no Jornal do Brasil. Novaes também é romancista, dramaturgo, contista e por ai vai.


“... a indústria automobilística está por trás dessa redução. Diminuído as calçadas, os pedestres não tem onde andar. E, não tendo onde andar, são forçados a comprar carro.”(...) “Hoje em dia só há uma maneira realmente segura de não ser atropelado. É atravessando por cima dos carros.” 

O Caos Nosso de Cada Dia, confesso, comprei em um sebo. Trata-se de uma compilação de crônicas, escritas para o Jornal do Brasil, publicada em 1974, ficou 32 semanas na lista dos mais vendidos de Veja. E, se é para rir do caos, do nosso caos, é melhor rir com Novaes. Pois ele faz do caos nosso de cada dia uma arte de viver com alegria.


“A verdade é que nossa população cresce em progressão geométrica, enquanto nossas praias crescem apenas em poluição aritmética, deixando em todas as certezas de que, quando se confirmar a teoria de Malthus sobre o desequilíbrio demográfico, a explosão se dará na praia.” 

SEXTA-FEIRA, 31 DE JULHO DE 2009

As Pirâmides


By Douguera 
APRESENTAÇÃO

Até quando perguntas podem ficar sem respostas? É com essa interrogação que começo meu artigo a respeito do mundo das pirâmides. Erguidas em um passado no qual a poeira do tempo cobriu de mitos e mistérios, as pirâmides envolvem seus apreciadores de enigmas ainda sem solução. São centenas em todo o mundo, que fascinam pela grandiosidade, “arquitetosidade”, engenhosidade e mistérios. Esse artigo não tem como objetivo dar respostas, mas sim de fazer com que você, meu caro leitor, faça as perguntas.

INTRODUÇÃO

Blocos de mármore de até 200 toneladas sendo transportados em meio ao deserto, por até dois mil quilômetros. Brocas egípcias, que provam as hélices deixadas nas pedras, penetram nas rochas cem vezes mais do que qualquer broca moderna. Ângulos medidos com precisão óptica. Pedras tão bem dispostas que se quer passa uma agulha entre seus encaixes. Polimentos em mármores que só seria possível com o emprego de máquinas elétricas. Os alinhamentos com os pontos cardeais leste/oeste e norte/sul com precisão de milímetros. Conhecimento de astronomia, matemática avançada, metalurgia portátil do ferro e tantas outras. Estiveram tais façanhas tecnológicas ao alcance dos diversos povos que ergueram monumentos piramidais em todo o mundo? Deixo então, as palavras do diretor do Instituto de Estudos Avançados, da Universidade de Córdoba, Argentina, Jose Alvarez Lopez, autor do livro O Enigma das Pirâmides:

"Mi impresión personal es que la ciencia y la tecnología de los creadores de la gran pirámide es un nivel más elevado de la ciencia y la tecnología que tenemos en la actualidad."

PIRÂMIDES NO MUNDO

Monumentos em formato piramidal são encontrados em várias partes do planeta. As semelhanças entre os monumentos do Egito, América pré-colombiana, Indochina e tantas outras partes, pode levar a uma intrínseca relação entre essas culturas e, mais ainda, a tecnologia aplicada a tais construções leva a derivação de uma hipótese que estabelece uma correlação técnica e de engenharia de construção.

São encontradas em várias partes do globo: na Bósnia, incrustas nas colinas de Visocica, descobertas em 2005 por Semir Osmanagic, o complexo de pirâmides do Sol, da Lua, do Dragão e do Amor (a Pirâmide do Sol tem 267m de altura, contra145 m da maior pirâmide egípcia, a de Quéops), afirma Osmanagic “o complexo das pirâmides é similar aos do Peru, do México e da Bolívia” [1].


Na Ucrânia, próximo a cidade de Lugansk, foi descoberta no final de 2005, uma pirâmide com idade superior a 3.000 a.C., o que faz dessa mais velha do que as pirâmides de Gizé, no Egito, datadas de 2.500 a.C. Teria sido construída na Idade do Bronze, por povos de religião que cultuavam o Sol. Suas estruturas lembram os povos astecas e maias [2].

Na República da China, na região de Xi’na, em 1912, pesquisadores australianos encontraram as pirâmides de Quin Ling Shan, feitas de argila, a maior delas, a “Pirâmide Branca” tem 300 metros de altura sendo maior que a Pirâmide do Sol de Teotihuacan, no México e, tão larga quanto a de Quéops, em Gizé. Ainda na China, em junho de 2006, foram encontradas na província de Jilin, pirâmides com mais de 3.000 anos [3].


Na Ilha de Tenerife, arquipélago de Canárias, Espanha, em 1991, o norueguês Thor Heyerdahl, identificou seis pequenas pirâmides. Ruínas piramidais são encontradas no Iraque e no Irã. Os núbios da África também construíram suas pirâmides. E até mesmo na Europa nos últimos anos vem sendo reveladas estruturas de mesmo gênero. Paro por aqui, uma vez que o intuito é tão somente demonstrar a ocorrência de um fenômeno global. Uma pergunta comum ao meio: como culturas tão distintas e separadas geograficamente puderam erguer monumentos de visível singularidade?

A fim de determinar uma origem do símbolo piramidal em estruturas, pesquisadores acabam por chegar ao período neolítico, também chamado de Idade da Pedra (a partir de 9.000 a.C.) [4]. Essa idade coincide com a legendária Atlântida, descrita por Platão, a qual possuía a mesma disposição de construções. Platão, nas obras Timeu e Crítias, registrou, a lendária cidade, obra de uma civilização avançadíssima, graças a Sólon, que, por sua vez obteve as informações dos sacerdotes egípcios dos templos da cidade de Saís [5]. E o que temos por Atlântida? Só teorias.

FUNCIONALIDADE

São variadas as teorias a respeito da finalidade das pirâmides. Em comum, todas no mundo são templos de cunho religioso e não necessariamente sepulturas como é estereotipado o caso do Egito. Até mesmo no próprio Egito pesquisas arqueológicas mais recentes demonstram que em muitos dos casos, pirâmides não se destinava e nem serviriam como sepulturas [6]. No mais não pode ser resumida a uma simples catacumba.

CONSTRUTORES

Obras de tamanha envergaduras seriam fruto de sacrifício, da barbárie e da violência?Hermamm Junker, arqueólogo alemão, um autoridade no ramo escreve:

“A piedade filial, a suavidade para com os inferiores, a compaixão pelos pobres oprimidos, eram outras tantas virtudes cultivadas naquela época.” [7]

O trabalho no interior das pirâmides, quer seja das Américas ou do Egito, são talhados com tamanha precisão e paciência , pedras são dispostas com tanto cuidado e técnica, a ponto de não passar nem um fio de cabelo entre encaixes, que se torna inacreditável conceber que obras nessa qualidade tenham sido feitas por escravos esgotados e torturados.


As pirâmides já tinham 2500 anos de idade quando Heródoto, “pai da história”, as olhava com a mesma perspectiva que nós olhamos hoje [8]. Após longas viagens pelo mundo antigo, Heródoto condensou o conhecimento adquirido em nove livros, que foram dedicados as nove musas. A Euterpe destinou o capítulo destinado ao Egito. E narra aspectos da construção, no capitulo CXXIV, deste modo:

“Até a morte do sacerdote Rampsinitos, o Egito foi governado com justiça e progrediu imensamente; porém, seu sucessor, Quéops, submeteu o país a toda sorte de explorações. Fechou os templos e proibiu os egípcios de oferecerem sacrifícios, obrigando-os em troca, a trabalhar, todos eles, a seu serviço. Alguns eram destacados a levar blocos de pedra desde as pedreiras da Arábia até o Nilo; outros recebiam os blocos, depois que estes haviam sido transportados em botes através do Nilo, e levavam nos até as montanhas da Líbia. Aproximadamente cem mil homens trabalhavam constantemente, e eram substituídos por um novo grupo em três em três meses. Significou dez anos de opressão do povo construir o caminho por onde deviam ser transportado as pedras, um trabalho não inferior, em minha opinião, à própria construção da pirâmide.” [9]

Heródoto, que visitou o Egito por volta de 450 a.C., narra as histórias que lhe foram cotadas pelos sacerdotes egípcios. E esse trecho descreve um feito arremetido à exploração. Mas, ainda permanece a pergunta: Cuidados e precisão poderiam ser frutos da violência?

Para essa multidão de cem mil homens temos um problema a imaginar quanto a compilação organizacional, a disciplina arremetida, e a metodização de um plano de conjunto. Seria necessário, para tanto, um exercito de fiscais e contramestres, todos mais ou menos iniciados na obra arquitetônica em curso de realização. Nenhum documento sugere a existência de comêrcio de escravos do tipo antigo; nenhuma campanha militar, suscetível de fornecer semelhante número de prisioneiros, foi empreendida nessa época [10]. Seriam essas obras fruto do poderoso impulso religioso ou de uma tirania sangrenta?

PEDRAS

Não conhecemos, pois, nenhum instrumento egípcio propriamente tecnológico. Pouco ou quase nenhum vestígio de ferramentas. Não há inscrições em hieróglifos, pinturas e papiros menos ainda representações ou referências a qualquer método ou aparelhos de caráter tecnológicos. Então sobram os problemas e enigmas.

Blocos de quartzito, no qual escavaram a câmara da pirâmide de Khendier, chegam a 100 toneladas e ainda 200 toneladas para os blocos do templo mortuário de Miquerinos [11]. Em Teotihuacám, próximo a Cidade do México, a pirâmide do Sol guarda, no que deveria ser o piso, uma monumental pedra de mica (isolante com elevada resistência elétrica, capaz de diminuir a velocidade dos neutrinos em uma reação nuclear) que até então é desconhecida sua fonte [12].

No Egito o trabalho direto nas pedreiras, com relação ao corte da matéria: eram feitos furos nas pedras de granito, enchendo os de pedaços de madeira que após umedecidos dilatavam, a pressão era aproveitada a fim de rebentar o granito. Todavia, o inglês, G. W. Flinders Patrie, um dos grandes metrólogos da história da arqueologia, demonstra que em amostras duríssimas de calcário encontrado em Tiris é possível encontrar marcas de óxido de cobre e esmeril, o que pode evidenciar o emprego desse tipo de “serra” para cortar os blocos [13]. J. Rey Pastor menciona que nos hipogeus de Tebas encontram-se blocos serrados de granito com marcas de óxido de cobre [14]. Resta, porém, um problema: nas impressões deixadas por algumas serras egípcias que cortavam granito, descobre-se, pela inclinação e pela velocidade de descida da folha, que trabalhavam sob uma pressão tão elevada que se torna inadmissível serem construídas de bronze ou esmeril [15].

No México, já na península de Yucatán, a pirâmide de Chitzen itza impressiona pelos encaixes justapostos dos blocos de pedra, a ponto de não passar uma agulha, o que demonstra um elevado conhecimento de engenharia. A precisão em milímetros foi também notada por Patrie no revestimento interno de calcário da grande pirâmide. Blocos que chegam a 16 toneladas, com superfície plana de até 3 metros quadrados. Os blocos se acham justapostos com aproximadamente 0,05 mm e abertura média de0,5 mm. Não se observa, no chão, sinais de arrastamento de blocos e menos ainda pontos de engates para cordas. O cimento utilizado fera gesso, de adesão rápida, no qual sua formula ainda é desconhecida [16].

No revestimento externo, que devemos lamentar ter sido destruído, que outrora a grande pirâmide possuía, o polimento que teria sido dado a cada um dos 25.000 blocos de aproximadamente 20 m2 de superfície equivalem ao mesmo trabalho de polimento do espelho do telescópio do Monte Palomar, nos Estados Unidos. Uma tarefa moderna que exigiu cinco anos de trabalho do tipo artesanal e árduo foi feita, em escala do tipo industrial, em 2500 a.C. [17]. Sem sombra de duvida um feito admirável.
Sobre a grande pirâmide Heródoto afirma, no capítulo CXXV, ter sido utilizada máquinas para o transporte das pedras:

“A pirâmide, foi edificada em degraus ou embasamentos ou, conforme outros, em forma de altares. Quando se completou a construção, elevaram as pedras seguintes até seus respectivos lugares por meio de máquinas formadas por rolos de madeira. A primeira máquina levantava-as do solo ao primeiro degrau. Aí encontra-se outra máquina para levá-la ao segundo degrau e outra para levá-la ao terceiro. Pode-ser que no lugar de terem tantas máquinas quanto eram os degraus, levavam uma única máquina de degrau a degrau, visto serem fáceis de transportar – ambas explicações foram formuladas e por isso me refiro às duas.” [18]

Então onde estariam essas tais máquinas? Não há no Egito registro algum. Portanto, a afirmação de Heródoto fica sujeita a dúvidas. Grande parte do granito egípcio precede das pedreiras de Assuam. Há também calcário de Tura e até mesmo pedras da Etiópia e da vizinhança do Mar Vermelho. Para tanto dispunham do Nilo e também efetuavam longas distâncias via terra, essas distâncias podiam chegar a dois mil quilômetros [19]. Novamente nos deparamos com tarefas e empreendimentos ciclópicos, no mais misterioso.
FERRO

Os blocos de construção de Tihuanaco não estão interligados por cimento, mas sim por uma liga de ferro que de acordo com pesquisas foi usado para fixar as pedras. Neil Steede, arqueólogo perito em América Central, diz a respeito:

o que acho incrível neste lugar é que para locomover os objetos para suas construções, eles precisavam ter um aparelho portátil de fundição para manter o metal no estado líquido.” [20]

Mas se os Incas, que habitaram a região dos Andes, não conheciam o ferro, como explicar tal proeza? William Hickling Prescott, no livro História da Conquista do Peru, fica perplexo com as enormes massas de pedra que foram retiradas de seu leito original e trabalhadas de tal precisão sem o uso do ferro.

Os nativos não conheciam o ferro, embora o solo estivesse impregnado dele.”[21]

Não há menção ou descrição do uso do ferro no Egito, porém sua utilização foi de fundamental necessidade e são inúmeras as provas relevante a sua utilização. Somers Clarke, na obra Ancient Egyptian Masonry, diz:

Em todos os antigos trabalhos de pedra dura, deixados por terminar, aparece claramente ter sido a pedra cortada com um instrumento de ponta, sendo difícil aceitar que esse instrumento fosse de pedra. Em uma estatua de xisto não terminada da época Saíta (Museu do Cairo), as marcas de ferramentas podem ser claramente vistas; cada pancada arrancava um pedacinho da pedra sem qualquer desgaste aparente, e é possível acompanhar uma série de doze pancadas sem observar qualquer sinal de menor desgaste do instrumento.”[22]


A câmara em quartzo amarelo da pirâmide de Ammenemes III, em Hawara, foi talhada de tal forma cujas arestas estão tão bem cortadas que o próprio Patrie pensou tratar-se de blocos distintos justapostos, mas se trataria de um corte que só poderia ser feito, no caso dos dias de hoje, com instrumento de aço bem temperado [23]. Portanto precisariam de algum metal potente, mas qual?

Uma teoria diz que o uso do ferro assim como de outras tecnologias foi mantida em segredo, originando deste modo um sério problema à arqueologia, portanto em meio a essa problemática não podemos confundir falta de provas arqueológicas com inexistência de uma tecnologia.

TREPANOS

Os modernos consistem em um tubo de metal que em uma das extremidades tem uma a quatro pontas de material cortante de grande dureza que, ao ser girado, penetram no bloco de pedra deixando um tarugo ou cunha dentro do cilindro que pode ser extraído com uma leve pancada. O problema é que para um furo em que a ferramenta moderna desce 0,04 mm, a ferramenta egípcia, de igual diâmetro, descia cinqüenta vezes mais: 2,5 mm por volta. Pesquisadores concluíram que para isso ser possível seria necessário que os trépanos egípcios trabalhassem com uma pressão de 2.000 Kg. De acordo com as provas arqueológicas tais ferramentas eram produzidas de bronze e esmeril, que demonstram não resistirem grandes pressões [24].

Uma revolução total no meio de produção industrial no meio moderno seria produzida se conseguíssemos tal tecnologia.

ORIENTAÇÃO
A cidade de Tiahuanaco, um dos sítios arqueológicos mais importantes da Bolívia, fora concebida segundo uma rigorosa orientação astronômica, seguindo o norte geográfico e um sistema meteorológico que condicionou esta orientação. É notória a simetria intencional dos eixos que emanam todos de uma grande pirâmide [25].

Robert Bauval, autor do livro “The Órion Mystery”, descobriu, juntamente com Adrian Gulbert, que as três pirâmides de Gizé foram construídas como uma imagem espelhada do que hoje chamamos de Cinturão de Órion. Os egípcios apontavam essas três estrelas como o lugar de onde vieram seus deuses, acreditando que os espíritos dos faraós vinham de lá. O tamanho e a posição de cada pirâmide tem uma perfeita relação com as três estrelas [26].

Para muitos arqueólogos tais orientações geodésicas não passariam de mero produto da casualidade. Todavia quando observamos os erros de desvios em relação ao meridiano para as pirâmides, verifica-se que, com exceção da pirâmide de Zoser, o erro médio quadrático da orientação de oito pirâmides não excede 8’ de arco; pesquisas demonstraram que para a época de Quops e Quéfren o máximo de erro aceito era na ordem de 5’ [27]. Qualquer agrimensor concordaria que tal feito não seria fruto da casualidade.

MENSURAÇÃO

Otto Neugebauer, afirma que a maior conquista egípcia, no campo da matemática, foi o conhecimento da tabuada de multiplicar por dois [28]. O que demonstra, deste modo, um simples empirismo na concepção de matemática. Seria impossível acreditar que medidas de tamanha precisão, como no caso da dilatação térmica dos corpos, devido a disparidade térmica e das condições climáticas da região, fossem conseguida com um mero conhecimento ta tabuada de dois.

Ao estudar a geometria egípcia, então, nos deparamos com uma surpresa: conseguiram medir os ângulos com a precisão de um segundo do arco (1”), esse feito ocorre na grande pirâmide que mede 98°59’58”, o que, tratando-se de locação de obra indica a precisão na ordem de 1”[29]. Isso rompe com a capacidade da visão do olho humano despachando de vez qualquer hipótese de acaso. Os melhores teodolitos modernos medem com erro de 1”; erros são inevitáveis ao passo que leva-se em conta uma série de fatores que podem influenciar na leitura, tais como a dilatação térmica dos instrumentos e elementos de leitura, erros de nivelamento, erro de arrastamento, vento erro de apreciação sobre o retículo, refração atmosférica e muitos outros. Isso tudo significa que os topógrafos egípcios para conseguir tal medida levaram todos esses fatores em conta.

Outro ponto muito curioso é que se os egípcios construíram esses monumentos a cinco mil anos e que para que tudo não viesse ao chão, o que se trata de um problema de medição goniométrica, foi fundamental que os construtores tivessem conhecimento da posição do pólo terrestre que, por sua vez, está sujeito a movimentação. E quando vemos os resultados do paralelismo entre as duas pirâmides de Quéops e Quéfren, estruturas separadas por mais de um quilometro de distância, descobre-se que os instrumentos necessários para que fosse alcançado total paralelismo devem ter um erro menor que o segundo [30]. Na realidade com teodolitos comuns não conseguiríamos hoje o que os egípcios fizeram.

A base da pirâmide de Quéops tem um comprimento de 230,38m e possui uma altura de 146,6m. Se fizermos o simples calculo de: duas vezes o comprimento da base e dividir pela altura, encontraremos o valor de 3,14297, este é o PI [31]. O PI é um número irracional com decimais indefinidos, e só pode ser calculado a mais de dois decimais se tiver bastante conhecimento teórico sobre geometria.

Théophile Moreux, no livro, La Science Mystériuse dês Pharaons, descobriu que os sacerdotes-arquitetos das pirâmides utilizavam como unidade de medida o côvado sagrado, diferente do côvado comum ou real. De acordo com Moreux seriam o mesmo côvado dos hebreus e que teriam sido estes que levaram para o Egito [32].

CONCLUSÃO

São vários os fatos e descobertas a mercê das grandes pirâmides que contemplei em uma série de leituras, a fim de elaborar esse artigo. Para não torná-lo extenso e cansativo me ative os fatos mais relevantes e de fácil conceber. Admito que é um campo de pesquisa bem vasto e que poderia revolucionar a história da humanidade, ao ponto de termos que reescrevê-la novamente, se esforços não fossem medidos para tanto, todavia percebi uma carência ou uma total insuficiência de pesquisas sobre outras pirâmides que não fossem do Egito ou das Américas, daí o fato de eu me ater basicamente nestas construções.

Não temos muitas idéias a respeito das técnicas empregadas, mas os resultados que foram alcançados nas diversas pirâmides encontradas nas mais diversas partes do planeta nos obriga a reconhecer nelas uma eficiência de caráter tecnológico que em muitos dos casos está à frente de nosso tempo. Gostaria de finalizar com as palavras do astrônomo Piazzi-Smith, que dedicou boa parte de sua vida ao estudo das pirâmides no Egito:

“Ou bem os construtores desse monumento único no mundo possuíam uma ciência tão avançada quanto a nossa, coisa que é extravagante e quase incrível; ou bem agindo como guardiões de uma tradição que se remontava às épocas primeiras, quiseram fixar na pedra, (...). Tal seria a origem, por meio de sacerdotes egípcios, do que eu chamei de ‘ciência misteriosa dos faraós’”.

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