sexta-feira

Crise do sistema colonial: uma visão mais panorâmica

Por Douglas Barraqui
A relação entre colônia e metrópole eu traduziria em duas palavras: dependência e subordinação. Na verdade o Brasil tinha um significado impar para a economia lusitana, era um ponto de equilíbrio para aquele país em comparação com as colônias afro-asiáticas. Mas o navio afundou e levou junto a estrutura do pacto colonial.

A crise que se abateu sobre Portugal, e que desestruturou o pacto colonial no final do século XVIII e início do século XIX, tem que ser pensada em um contexto bem mais amplo e muito mais global do que uma mera analise de crise econômica e política. Temos que retomar o pensamento iluminista que queimou como pólvora no coração da burguesia; na Revolução Francesa e seus ideais de liberdade, igualdade e fraternidade; na propagação das idéias liberais, no vapor da Revolução Industrial, no aburguesamento da Europa que se espalhou como uma doença contagiosa.

O choque entre forças renovadoras e tradicionais marcou o esgotamento da sociedade tradicional, aquela do Antigo Regime com resquícios ainda feudais, e fez aflorar uma nova sociedade, um novo sistema econômico, o liberalismo.

Portugal sofreu com a fúria das entranhas da terra, o grande sismo de 1755; estava atrelado e intrinsecamente dependente da economia inglesa, e sofreu com a crise econômica de 1766-1769: período marcado por déficit econômico e crise na produção aurífera no Brasil. Aliado a tudo isso Portugal, em plena segunda metade do século XVIII, era o patinho feio da Europa, atrasado em relação aos demais países.

Napoleão, que o filosofo alemão Hegel intitulou como sendo “o espírito a cavalo”, tinha como projeto transformar a França na maior potência do mundo. Todavia, teria uma pedra bem grande em seu sapato, a Inglaterra. Os planos de Napoleão incluíram o chamado Bloqueio Continental, segundo o qual as nações foram impedidas de comercializar com a Inglaterra sob a pena de invasão das poderosas tropas napoleônicas. Para a França era fundamental o isolamento da Inglaterra; para Inglaterra era imprescindível preservar as alianças econômicas e os portos de apoio; para Portugal, extremamente dependente da Inglaterra, restava manter a integridade do império, no momento de invasão das tropas lideradas pelo general Junot.

A vinda da família real para o Brasil em 1808, escoltada pela marinha inglesa, deve ser interpretada como uma fuga. E esse fato histórico e seus desdobramentos abalariam as estruturas do pacto colonial, decretando seu fim.

As medidas tomadas por D. João VI, então príncipe regente no momento de loucura da ainda viva rainha D. Maria “a louca”, modificariam as relações econômicas entre Portugal e Brasil. Medidas como a abertura dos portos do Brasil as nações amigas; os favorecimentos dados à Inglaterra nas tarifas aduaneiras e nos tratados de Comércio e Navegação, e de Aliança e Amizade; e quando, em 1815, o Brasil passou a condição de Reino Unido a Portugal e Algarves, podemos dizer que, teoricamente, não éramos mais uma colonial.

O fato é que a chegada da família real e as medidas tomadas por D. João VI puseram fim ao exclusivismo comercial de Portugal para com o Brasil, que passou a manter um comércio direto com a Inglaterra. Essa conjuntura era desfavorável para Portugal que sentiu a desestruturação de suas bases econômicas. Essa desarticulação do eixo estrutural colonial trouxe consequências políticas, econômica e sociais que atingiria as bases do sistema colonial.

Portando, a desarticulação do sistema colonial e seu consequente fim têm que ser pensado em um contexto muito mais global. Este está inserido no choque entre as forças renovadores e tradicionais do fim do século XVIII e início do século XIX. Foi à pá de terra fundamental para o alvorecer de uma nova sociedade e, para o caso do Brasil, uma nova conjuntura política, econômica e social.

Bibliografia Consultada:

SIQUEIRA, Maria da Penha Smarzaro. Pobreza no Brasil colonial:representação social e expressão da desigualdade na sociedade brasileira. História - revista leletrônica do Arquivo Público do estado de São Paulo, nº 34, 2009.

WEHLING, Arno & WEHLING, Maria José C. M. Formação do Brasil colonial. 3ª. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1999.

SEGUNDA-FEIRA, 28 DE JUNHO DE 2010

O Fim da História

( Click na Imagem)
Trata-se de uma obra pintada em óleo em 2006 pelos artistas Dai Dudu, Li Tiezi e Zhang An. A imagem foi digitalizada e está dispónivel com um link sobre a história de cada personagem click aqui para acessar! 
Por Douglas Barraqui

As reflexões sobre a “história” ecoaram durante milênios e continuam até hoje a soar como sons enigmáticos: “quem somos? Para onde vamos? Para que viemos e qual será nosso destino? como obter a salvação? Onde encontrar todas as respostas para todas as perguntas?

“Ó homem, conhece-te a ti mesmo e conhecerás os deuses e o universo”. [1]

Em tempos remotos o homem buscou as respostas para suas aflições em meio a rituais míticos, solicitou respostas a oráculos, a videntes e a profetas. É o homem, que sofrendo com a própria ausência, tenta criar uma imagem global, reconhecível e aceitável, de si mesmo. O homem tentou isso o tempo todo e continua por tentar.

Para os gregos a história se repete, o futuro teria os mesmos eventos do passado, e os homens teriam sempre as mesmas pulsações e necessidades. Portanto, os gregos tem uma visão cíclica da história, repetitiva: nasce, cresce, dá frutos, envelhece e morre, quanto a seu fruto, este crescerá, dará frutos, envelhecerá e morrerá e assim será com os frutos dos seus frutos.

Os helênicos não se preocupavam como o passado. Acreditavam que o futuro individual já estava traçado podendo até ser antevisto: perguntar o que fazer? e/ou, o que será? Questões que apontam necessariamente para o papel dos oráculos. Entre os teóricos da historiografia é sabido que entre os gregos não há idéia de história universal, não havia ainda sido formulada, sendo esta desenvolvida pelos romanos cristãos.

Na concepção dos romanos o futuro passou a ser o centro da história e o fim da história seria a romanização do mundo. É aqui que surge o conceito de história universal aplacada em amplitude pelo o que seria a dominação romana sobre o mundo pagão, dominação que seria justificada pelo cristianismo que o próprio homem criou. 

Os judeus por sua vez desenvolveram a idéia de história como um caminho linear para a salvação humana. Os romanos cristãos encaravam o futuro como a vitória incontestável de Cristo, e consequentimente de Roma, por fim, o fim do calvário do homem. O mundo assim era efêmero, sujeito a mudanças.

A modernidade passa a representar a nova temporalidade histórica, marcada fundamentalmente pela recusa da metafísica. O novo personagem, protagonista, é o homem da cidade e o burguês que estão inseridos em um intenso esforço para a racionalização. A fé não consegue mais aplacar os anseios e dar todas as respostas ao homem.

Segundo Weber somente o ocidente experimentou a racionalização que culminou na fraqueza da influência do religioso sobre o homem. O mundo oriental manteve-se ligado a ética contemplativa e mística em detrimento ao ocidente que mergulhou na razão. 

O homem renascentista buscava o êxito econômico com a riqueza, o êxito político com o poder, o êxito social com o estatus, a estética com a vaidade e o intelectual com a razão. O mundo medieval abria espaço para um mundo em que o homem estava no centro das coisas, antropocentrismo. O ascetismo dava lugar ao hedonismo.

Para Kant a razão traria a reunificação da humanidade e substituiria a religião. Para Habermas o futuro era o espaço de realizações da perfeição humana, o individuo seria autônomo, autodeterminado e crítico. 

O ambiente na pós-modernidade é caracterizado pelo individualismo, pelas mudanças aceleradas na ciência e tecnologia que caminham de mãos dadas a fim de dar a respostas e acabar com o sofrimento do homem. Tudo é em tempo real e imediato, mundialização. As questões locais tomam relevância e as generalizações tornam-se um perigo eminente a exemplo do etnocentrismo, imperialismo, racismo, xenofobismo, nacionalismo. As resistências passam a ser concebidas como intolerância, fanatismo e irracionalidade. Surgem novos atores Hitler, Saddam, e Bush. O mundo não pode mais ser visto em uma estrutura maniqueísta de preto e branco, heróis e vilões, vitoriosos e derrotados; aparecem outras cores.

Tudo é prazer imediato, não é mais o que você é, e sim o que você tem. Não é mais o que você planta, e sim o que você pode destruir e construir a partir da destruição. E as respostas para as aflições humanas? Talvez esta seja a resposta: a constante busca. Mas o homem é ao mesmo tempo tão perecível, tão destrutível, tão ameaçador que sua busca por respostas talvez o leve a autodestruição. É o fim da história. 

  1. Inscrição no oráculo de Delfos, atribuída aos Sete Sábios (c. 650a.C.-550 a.C.)

Bibliografia:

WEBER, Max. Ciência e política: duas vocações. 15. ed. São Paulo: Cultrix, 2008. 124 p.

IACONO, Alfonso M. Caminhos de saída do estado de menoridade:Platão, Kant e o problema da autonomia. Rio de Janeiro: Istituto Italiano di Cultura: Lacerda, 2001. 87 p.

DOMINGO, 20 DE JUNHO DE 2010

José Saramago


Por Douglas Barraqui
Escritor, contista, argumentista, jornalista, romancista, poeta e, acima de tudo, um português. Nobel de Literatura em 1998, vencedor do prêmio Camões, foi um homem que traduziu como ninguém a beleza da linguagem humana, pelas palavras em português.

Com 16 romances publicados e com apenas uma adaptação para o cinema, Ensaio Sobre a Cegueira, Saramago deixa um grande legado.

“Todos sabemos que cada dia que nasce é o primeiro para uns e será o último para outros e que, para a maioria, é só um dia mais.”

Há situações na vida em que já tanto nos dá perder por dez como perder por cem, o que queremos é conhecer rapidamente a última soma do desastre, para depois, se tal for possível não voltarmos a pensar mais no assunto.”

“O que as vitórias têm de mau é que não são definitivas. O que as derrotas têm de bom é que também não são definitivas.”

“O espelho e os sonhos são coisas semelhantes, é como a imagem do homem diante de si próprio.”

“A virtude, quem o ignorará ainda, sempre encontra escolhos no duríssimo caminho da perfeição, mas o pecado e o vício são tão favorecidos da fortuna que foi ela chegar e abrirem-se-lhe as portas do elevador.”

“Os lugares-comuns, as frases feitas, os bordões, os narizes-de-cera, as sentenças de almanaque, os rifões e provérbios, tudo pode aparecer como novidade, à questão está só em saber manejar adequadamente as palavras que estejam antes e depois.”

Em minhas poucas palavras: Se foi um dos grandes titãs do gênero literário, um mestre que sempre será lembrado

“Mesmo que a rota da minha vida me conduza a uma estrela, nem por isso fui dispensado de percorrer os caminhos do mundo.”


DOMINGO, 30 DE MAIO DE 2010

Pobreza no Brasil colonial: uma ponte para o céu


Por Douglas Barraqui com base no artigo da Dr. Maria da Penha Smarzaro Siqueira 

A lástima, a construção ideológica e a referencial à pobreza no Brasil colonial foi elaborada a partir da ótica cristã e se estruturou pelo exercício da caridade. Assim destacaram-se dentro desse preceito a ordem dos mendicante e da misericórdia, que funcionavam como uma ponte para o reino do céu para os mais afortunados que exerciam a caridade.

O ideário da modernidade européia, expresso principalmente a partir do século XVI, vai ser determinante para uma nova concepção de mundo entendida pela razão. Destruiu a noção tradicional que o mundo medieval havia construído nos preceitos divinos. Houveram significativos avanços no campo da ciência que por sua vez deram impulso ao empreendimento das grandes navegações. A razão tomava forma no século XVIII com o reforço dos iluministas. Em meio a um contexto de grandes transformações econômicas, políticas, sociais e culturais o ideário de modernidade se expandia pela Europa.

Embora o tido como “descobrimento do Brasil” era enxergado como o que havia de mais moderno, Portugal em si não pode ser considerado um Estado moderno. A ruptura com o movimento humanista, o que preconiza o antropocentrismo em detrimento do teocentrismo, foi decisivo dentro do processo de colonização do Brasil, uma vez que condicionou a estrutura mental da colônia aos estreitos limites da ortodoxia católica. E o elogia a pobreza é, de certo, uma herança medieval pautada nessa ortodoxia. 

Na sociedade medieval cristã, a expressão maior do evangelho, e o elogio à pobreza enraíza-se nos programas ideológicos que fizeram das sagradas escrituras uma referência. A pobreza no mundo medieval cria um elo, uma porta, para que os mais afortunados possam se salvar por intermédio do exercício da caridade.

Em Portugal, por exemplo, era uma tradição dar esmolas; eram comuns também práticas como distribuição de alimentos aos necessitados, recolhimento de pobres. A Irmandade da Misericórdia, que veio ao Brasil empacotado ao projeto colonizador, era a forma que os mais ricos encontravam para exercer a caridade e ‘ascenderem ao reino do céu’.

A misericórdia opera no atendimento dos pobres, dos doentes, dos presos, dos alienados, dos órfãos desamparados, dos inválidos, das viúvas pobres e dos mortos sem caixão, era comum o recolhimento de donativos dos mais afortunados para a assistência dos pobres desvalidos, com exceção aos escravos.

Das instituições mantidas pela ‘Irmandade da Misericórdia’, dentro da colônia, a mais significativa foi a hospitalar. Hospitais públicos, “santas Casas” (originando a Santas Casas de Misericórdia). Essas instituições tinham uma função muito mais assistencialista do que terapêutica, como se pressupõe pelo nome. Prestavam atendimento aos pobres da doença, na vida, no abandono e até mesmo na morte; alem de prestar auxílio aos abandonados e marginalizados (crianças e velhos), criminosos doentes e doentes mentais. E fato, portanto, que nas cidades onde surgiram, as misericórdias se anteciparam ao poder público estatal de assistência social e a saúde.

No Brasil, a atuação desta Ordem da Misericórdia se estabeleceu, inicialmente, pela instituição da esmola, seguida pelo assistencialismo, passando posteriormente a assimilar uma noção de filantropia higiênica.

Na província do Espírito Santo, com vilas demasiadamente pobres, com precárias condições de higiene e de saúde, no caso de Vitória, os surtos de doenças endêmicas e epidêmicas intensificavam a precariedade da vida dos pobres. Assim a Irmandade da Misericórdia marca sua atuação desde o início do tempo colonial.

A Santa Casa da Misericórdia de Vitória foi criada no século XIX voltada para a caridade e tratamentos de saúde. Sua construção se deu pelo viés da iniciativa pública e privada. E seguindo as parcas noções de higiene da época, o hospital foi erguido em local de nível elevado aos mangues, ao passo que acreditavam serem estes os principais causadores e transmissores de doenças.

Portando, a pobreza e a caridade caminham juntas na organização social do Brasil colonial. A pobreza cumpria seu papel político quando os pobres ficavam fieis aos doadores afortunados; papel religioso, diluída na noção de perdão e salvação dos pecados por intermédio da doação aos pobres; e social diferenciando os abastados dos não abastados. 

Bibliografia:

SIQUEIRA, Maria da Penha Smarzaro. Pobreza no Brasil colonial:representação social e expressão da desigualdade na sociedade brasileira. História - revista leletrônica do Arquivo Público do estado de São Paulo, nº 34, 2009. 

SEGUNDA-FEIRA, 17 DE MAIO DE 2010

Escolha sua universidade com um click





Maior diretório global de educação da Internet, Educaedu reúne de forma
prática 10 mil ofertas de cursos, mestrados e pós-graduações

A Internet ganha cada vez mais importância na vida do brasileiro. Segundo pesquisa feitapelo Ibope Nielsen Online, o número de usuários da rede no país chegou a 66,3 milhõesem dezembro de 2009, o que resulta em um aumento de 16% em relação ao mesmo período do ano anterior. Consciente da sua utilidade na busca de informações e do crescente uso por estudantes e profissionais, o portal Educaedu (www.educaedu.com) lançou uma página dedicada exclusivamente ao Brasil.

Educaedu é hoje o maior diretório global de educação online e está presente em 19 países. Sua página brasileira tem uma média de 20 mil visitas diárias e reúne dados de mais de 10 mil cursos, graduações, mestrados, pós-graduações e MBA oferecidos em todos os estados do país. O site é uma ferramenta prática e eficiente: em apenas um endereço virtual, estão disponíveis todas as informações das instituições de ensino e dos cursos, tais como unidades onde são ministrados, valores e grades curriculares.

Uma das funcionalidades do Educaedu é o seu sistema de busca avançada, que filtra os cursos por estado e cidade, modalidade de ensino e área de conhecimento. Outra ferramenta é o sistema de formulários, com os quais o internauta solicita informações ao departamento de serviços acadêmicos da instituição de ensino correspondente. Ao compilar e atualizar constantemente seu banco de dados, o site oferece todos os elementos necessários para a escolha do curso mais adequado ao seu perfil, de forma rápida e consciente.

A versão brasileira do portal tem cadastrados 6.700 cursos de pós-graduação, 2.200 de graduação e mais de 1.000 de extensão universitária e de idiomas, ministrados em 580 universidades e centros educacionais. Seu diferencial em relação a outros buscadores do gênero é a grande quantidade de informações disponíveis e o seu conceito globalizado.Educaedu alcançou a marca de mais de 10 milhões de usuários em todo o mundo, como Canadá, Espanha, França, Estados Unidos, Itália, Portugal, México, Austrália, Chile, Argentina, Polônia e Turquia.

Para Luis Neira Celis, diretor comercial do portal para a América Latina, o Brasil é um dos maiores mercados educativos do mundo, com universidades e escolas de negócios de grande prestígio, que competem em nível internacional. “Educaedu é hoje a melhor opção para os centros educacionais que desejam divulgar cursos a pessoas de todos os cantos do país. Também é uma ferramenta essencial para alunos e profissionais interessados nas oportunidades oferecidas no Brasil e no exterior”, afirma.

Fundada em 2001, a companhia de origem vasca se encontra em pleno processo de expansão internacional. O ano de 2009 se encerrou com um faturamento de € 7,2 milhões e a previsão é de que chegue aos € 15 milhões no final de 2011. Em breve, a rede lançará sua página em mais quatro países: Rússia, China, Coréia do Sul e Índia.

Sobre o portal Educaedu

Educaedu é o diretório global de educação líder na Internet, presente em 19 países e 8 idiomas, com mais de 10 mil ofertas de cursos somente no Brasil. Em breve, lançará páginas para Rússia, China, Coréia e Índia. Sua atualização é feita por uma equipe de 60 pessoas de 14 nacionalidades diferentes, que trabalham em escritórios em Buenos Aires (Argentina), Bilbao (Espanha) e São Paulo (Brasil), e conta com representantes em Bogotá (Colômbia), Santiago (Chile) e no México.

O portal foi fundado em 2001 pelos empresários espanhóis Mikel Castaños e Fernando Bacaicoa, com o lançamento de três sites para a Espanha: BuscaoposicionesTumasterCanalcursos. Em janeiro de 2008, eles decidiram expandir o projeto internacionalmente com a criação do Educaedu como marca global.

Educaedu nas redes sociais: 

Mais informações para imprensa

Luciana Taddeo
Tel.: +(54911) 4861-4172
Fax: +(54911) 5256-6630

DOMINGO, 16 DE MAIO DE 2010

Neoliberalismo e sua razão de ser


Por Douglas Barraqui com base no texto de Perry Anderson 

O neoliberalismo brotou em meio aos escombros da II Guerra Mundial, na região da Europa e da América do Norte onde imperava o capitalismo. Foi uma reação teórica e política veemente e fulminante contra o Estado intervencionista e de bem-estar-social. Seu texto de origem é O Caminho da Servidão, de Friedrich Hayek, escrito já em 1944.

Seu propósito era combater o Keynesianismo e o solidarismo reinante e preparar as bases de um outro tipo de capitalismo, duro e livre de regras para o futuro.

Hayek e seus companheiros argumentavam que o novo igualitarismo (muito relativo, bem entendido) deste período, promovido pelo Estado de bem-estar-social destruía a liberdade dos cidadãos e a vitalidade da concorrência, da qual dependia a prosperidade de todos. A desigualdade era um valor positivo – na realidade indispensável em si – , pois era disso que precisava as sociedades ocidentais.

A chegada da grande crise do modelo econômico do pós-guerra, em 1973, quando todo o mundo capitalista avançado caiu numa longa e profunda recessão, combinando, pela primeira vez, baixas taxas de crescimento com altas taxas de inflação, mudou tudo. A partir daí as idéias neoliberais passaram a ganhar terreno fértil.


O remédio, então, era claro: manter um Estado forte, sim, em sua capacidade de romper o poder dos sindicatos e no controle do dinheiro, mas parco em todos os gastos sociais e nas intervenções econômicas. A estabilidade monetária deveria ser a meta suprema de qualquer governo. Seria necessário uma disciplina orçamentária, com a contenção dos gastos com bem-estar, e a restauração da taxa “natural” de desemprego, ou seja, a criação de um exército de reserva de trabalho para quebrar os sindicatos. Redução dos impostos sobre os rendimentos mais altos e sobre as rendas. A desigualdade iria voltar a dinamizar as economias avançadas, então às voltas com uma estagflação, resultado direto dos legados combinados de Keynes e de Beveridge, ou seja, a intervenção anticíclica e a redistribuição social.

A oportunidade surgiria em 1979. Na Inglaterra, foi eleito o governo de Thatcher, o primeiro regime de um país de capitalismo avançado publicamente empenhado em pôr em prática o programa neoliberal. Em 1980, Regan chegou à presidência dos EUA. Em 1982, Khol derrotou o regime social liberal de Helmut Schimidt, na Alemanha. Os anos 80 viram o triunfo mais ou menos incontrastado da ideologia neoliberal nas regiões de capitalismo avançado.

Então, em todos estes itens, deflação, lucros, empregos e salários, pode ser dito que o programa neoliberal se mostrou realista e obteve êxito. 

Economicamente, o neoliberalismo fracassou, não conseguindo nenhuma revitalização básica do capitalismo avançado. Política e ideologicamente, todavia, o neoliberalismo alcançou êxito num grau com que seus fundadores provavelmente jamais sonharam , disseminando a simples idéia de que não há alternativas para os seus princípios, que todos, seja confessando ou negando, têm de adaptar-se a suas normas.


Bibliografia:
ANDERSON, Perry. Balanço do Neoliberalismo. In: SADER, Emir; GENTÍLI, Pablo. (Orgs.). Pós-neoliberalismo: as políticas e o Estado democrático. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2000. pp. 9-13.

SÁBADO, 8 DE MAIO DE 2010

Um pouco mais de tempero ético à liberdade neoliberal


Por Douglas Barraqui

A retórica neoliberal diz que a economia de livre mercado é a única capaz de assegurar a liberdade do homem, pois então digam aos cientistas econômicos que falta tempero ético em seu projeto neoliberal, pois está descendo muito mal pela goela a baixo.

Uma postura ética tem como pressuposto a ação consciente e livre do indivíduo através do qual ele toma partido a respeito das coisas e das pessoas. Isso é negar a submissão do homem as forças do mercado, pois não há vida ética se o indivíduo não tem o direito de escolher e decidir.

Os cozinheiros da ciência econômica então se deparam com um problema que eles tentam mascarar com um tempero de dá nó na garganta: a ciência econômica trabalha com uma racionalidade que dispensa todo e qualquer julgamento de valor, ou seja, eles adotam um preparo, leia-se aqui metodologia, que dispensa considerações sobre problemas éticos fazendo deles algo inútil para seu prato principal. Sua preocupação acaba sendo com o método que possa permitir aos cozinheiros neoliberais manipular a realidade e resolver os problemas que o homem enfrenta no dia a dia. Assim não há a necessidade de perguntar a razão de ser dos problemas, mas sim discutir meios de resolvê-los e administrá-los. Afinal para o neoliberalismo você só precisa ver a cara da comida o sabor é um mero detalhe.

A ciência econômica, partindo da concepção de mercado, acaba não fazendo questionamento ou julgamento de suas explicações da realidade. Será que os cozinheiros provam sua comida antes de servi-la? Se não provam não há segurança não há segurança no que é produzido pela ciência econômica. E o que acaba entrando em questão não é como a realidade é, mas sim como ela deve ser, uma verdade isenta de qualquer valores, uma comida sem tempero. Assim os neoliberais acabam não tendo como sustentar a tese de que só uma economia de livre mercado pode assegurar a liberdade do homem, a cara da comida não prova que ela é boa.

Nessa conjuntura, há um caminho a ser seguido que é assumir a racionalidade do discurso filosófico. Seria, a filosofia julgando o saber da ciência econômica; o discurso da filosofia avaliando a teoria neoliberal e sua condição indispensável para a realização da liberdade. Afinal de contas alguém tem que avisar que está faltando tempero ético.

Para tanto a filosofia, em primeiro lugar, terá de ser capaz de legitimar seu saber e quando ela perguntar por este mundo criado pelo homem, sua preocupação é a de saber se as instituições econômicas, políticas, sociais, jurídicas estão sendo capazes de dar a liberdade ao homem. É o que o chefe da cozinha alemã, Hegel, faz na sua obra sobre Filosofia do Direito.

A tarefa da filosofia seria abrir um diálogo direto com a teoria neoliberal para encontrar um outro caminho, um novo prato talvez. Então eis que Marx oferece a lei geral da troca de mercadorias (princípio da equivalência – que se firma na troca como ato entre indivíduos e não pelo valor coisas). A liberdade apareceria como uma chance do homem construir novas configurações sociais, políticas, econômicas e jurídicas, ou seja, um novo modo de organizar a vida. Um outro restaurante, uma nova cozinha e veremos o tempero.

Se a história de fato for o lugar onde o homem luta pela sua liberdade, esta luta é em primeiro lugar a luta pela vida, pelas condições materiais que tornam possíveis a satisfação das necessidades básicas da reprodução biológica do homem. É a partir daqui que se entenderia a real condição econômica na vida humana. A atividade econômica, portanto, passa a ser entendida como meio de garantir o necessário para reprodução da vida humana. A economia estaria a serviço das necessidades básicas do homem, assim, efetivando o ser livre.

Um pouco de tempero ético viria a calhar, em um mundo neoliberal em que a liberdade é transformada em não-liberdade, a igualdade em não-igualdade, fraternidade em guerra por poder e riqueza. É difícil engolir tudo isso?!

Bibliografia:

TEIXEIRA, Francisco José Soares. Globalizaçao e mercado de trabalho no estado do Ceara: transformação da organização da produção, das relações de trabalho e do padrão demográfico no estado do Ceará. Fortaleza, CE: Universidade de Fortaleza, 1999. 180p. 

BORON, Atílio; GENTILI, Pablo; SADER, Emir. Pos-neoliberalismo: as políticas sociais e o estado democrático. 3. ed. - Sao Paulo: Paz e Terra, 1996. 205p.

DOMINGO, 2 DE MAIO DE 2010

O passado sempre presente


Por Douglas Barraqui 

Começo este artigo com uma afirmação: “a maneira com que escolhemos para contar nosso passado pode dizer muito do nosso presente”. Fazer o resgate dos acontecimentos históricos é legitimar ou dar explicação ao momento, ao contexto, a situação e as sensações presentes, ou seja, o passado nos causa impacto, principalmente em nossos alunos. Assim sendo a maneira com que nós professores contamos a história para nossos alunos pode influir direta e indiretamente em suas concepções de mundo, eu posso dizer que vejo nos olhos dos meus alunos.

Nós professores de história somos interlocutores, o câmbio, entre o passado e o presente. Ressuscitamos os que já foram, damos vida as revoluções, aos conflitos, as conquistas e as tragédias, tudo isso se revela nos rostos dos alunos. Suas mentes, ainda jovens, fazem daquilo um filme e seus rostos caricaturam o passado. Uma impressão em uma mente tão moldada aos aspectos do presente.

Os alunos são tábulas rasas, possuem uma mente fabulosa a serem trabalhadas, “pegue novo e terá um milhão de possibilidades”. Os acontecimentos do passado são traduzidos pelos alunos em uma tentativa de confeccionar uma visão de si mesmo, individual. Nasce então uma história que nunca passa, nós morremos e o passado fica para sempre. 

É com o passado que o aluno encontrará sua identidade. Em casa, nas ruas brincando com os colegas, na escola, na igreja, as seqüências de acontecimentos do passado acabam por se encontrarem com outras informações que serão igualmente processadas e diluídas sobre a tábula rasa. Tudo aquilo que ele julga ser verdade é na verdade parte de uma verdade, fragmentada e diluída ao tempo que nunca para.

Na infância ou na velhice, em algum momento, você se da conta que não é o bastante. Que você é perecível e que de fato quem não morre é o passado, ele sempre estará presente.

DOMINGO, 25 DE ABRIL DE 2010

O quadro social e a representação religiosa no Brasil Colonial


Por Douglas Barraqui 

Em Portugal a igreja estava atrelada ao Estado por intermédio do padroado, que fazia do rei o Grão-mestre da Ordem de Cristo, dando a este o direito de nomear capelães, vigários e bispos. Quanto a participação dos clérigos na colônia, é fundamental destacar que se fez presente desde a expedição de Cabral, embora que em muitas das vezes desarticulada, atendendo a interesses pessoais e/ou de terceiros, e não preocupados com ações pastorais. É necessário lembrar ainda que, em meados do século XVI, vivia-se na Europa, bem como no Brasil, o agitado clima dos conflitos religiosos.

A radicalização dos embates religiosos em vários países europeus teve reflexos na América. Protestantes, judeus e ciganos eram hostilizados abertamente; os índios deveriam ser convertidos. Para os primeiros a repressão oficial; para os últimos, a propaganda da fé e as conversões que ficava a cargo da Companhia de Jesus.

A Companhia de Jesus adentrou o interior da colônia, convertendo os indígenas e estudando suas línguas. Na defesa de suas posições os jesuítas conflitaram constantemente com os colonos. Portanto, seria um erro apresenta-los como um mero braço religioso do Estado lusitano, ao passo que tinham seus próprios interesses.

Dentro da ótica das contra-reformas não podemos deixar de fazer referência à inquisição. Estabelecida em Portugal por D. João III, a inquisição nunca teve um tribunal permanente no Brasil, o que de fato acontecia era a formalização de processos que eram enviados para o tribunal em Portugal. Os representantes do Santo Ofício não tinha autoridade para instaurar processos sem a ordem de Lisboa, podendo apenas realizar sindicâncias e enviar o relatório para Portugal, só assim poderia ser decretada a prisão do acusado.

Os principais crimes, confessados ou denunciados eram as faltas religiosas quanto ao dogma ou à liturgia, critica à hierarquia religiosa e à inquisição, prática de luteranismo, judaísmo, maometanismo, feitiçaria, superstições, pactos demoníacos, sodomia, bigamia e suborno. Até mesmo os padres poderiam ser admoestados por erros ou abusos teológicos.

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