sexta-feira

"BH de JK"

Ola meus caros amigos. Acredito que escrever é uma arte e, como tocar um instrumento, ela depende, muito além do conhecimento musical, do amor. Logo fiz uns convites a amigos que sei que quando escrevem fazem com amor. Assim minha amiga, Júnia, também historiadora, autora do Vintage Blog, escreveu para mim um excelente artigo sobre a administração de Juscelino Kubitscheck em Minas Gerais na década de 1940. Obrigado minha cara amiga.

Por Júnia Lemos


Em abril de 1940 tomava posse como prefeito de Belo Horizonte Juscelino Kubitscheck de Oliveira. Sua meta nesta época já era o desenvolvimentismo e sempre no menor espaço de tempo possível. Simultaneamente à política modernizadora de JK, explodia na Europa a II Guerra mundial gerando dificuldades para que o prefeito então em exercício colocasse em pratica suas idéias devido a alta nos produtos. Mas isso não freou Juscelino que iniciou um processo de infra-estrutura necessário para o progresso que inevitavelmente despontava.

Construiu o que viria a ser um marco na economia e na indústria e colocaria BH em pé de igualdade com as grandes cidades brasileiras: a cidade industrial e o bairro Eldorado ao lado do pólo industrial, sendo este último uma espécie de “cidade dormitório” para os operários. 

Na época não havia acesso até a região, então o prefeito belorizontino mandou prolongar a famosa avenida Amazonas até a Gameleira. A avenida tinha 35 metros de largura, canteiro central e passeios largos e seguia quase que em linha reta, com apenas três curvas, permitindo ligação rápida com o novo pólo industrial.



JK também se voltou para a questão do lazer dos mineiros e então a represa criada para o abastecimento de água da capital, tornou-se um lago artificial de raríssima beleza ( e recebeu o nome de Pampulha em homenagem ao córrego que ali passava e que havia sido represado).

Um arquiteto recém formado veio ajudar JK na reformulação de BH, o jovem Oscar Niemeyer. Ele fez o projeto urbanístico para a lagoa que não poderia ser apenas monumental, mas de valor urbanístico, turístico e social.


O projeto contava com quatro obras:
Cassino: um monumento feito com concreto armado, projetando-se para dentro da lagoa em estilo moderno e de grande bom gosto. Todo cercado de jardins e desembocadores que permitiam o acesso também pelo lago, procurando desta forma prepará-lo já para o turismo e visando dar a BH uma obra que refletisse seu progresso.




A Pampulha não poderia deixar de ter um espaço para prática religiosa e para isso foi criada a polêmica Igreja São Francisco de Assis - A igreja durante quase duas décadas não foi reconhecida pelos representantes católicos devido à sua forma um tanto quanto moderna para a época da construção.




Com finalidade de se criar na região um centro de reuniões, foi projetada a Casa do Baile, local destinado a diversão da elite mineira.




No próprio lago foi criado o Iate Golf Clube, de dimensões imensas e também voltado para alta sociedade mineira.




Para que a região não perdesse sua beleza mesmo a noite, foram instaladas 174 lâmpadas de 150 wts em postes de concreto.

Tudo isso teria sua importância diminuída se não houvesse boas vias de acesso até local. JK mandou de imediato melhorar a estrada velha da Pampulha. Mas a pequena via não estava à altura da grandiosidade da obra. Mandou então construir a Avenida Pampulha (hoje Antônio Carlos). Para sua construção foram exigidos trabalhos arrojados, feitos cortes profundos e canalizados dois córregos, o da Cachoeirinha e o da Lagoinha. Foi feito o serviço de embelezamento com jardins e iluminação. O projeto foi concluído 50 dias antes do prazo previsto.

Belo Horizonte cresceu muito com as mudanças urbanísticas do prefeito Juscelino, mas por outro lado, a popularidade do mesmo graças a estas e outras grandes obras em Minastornaram-se destaque de seu governo, abrindo portas para sua escalada a presidência da república.

Como líder Máximo do país no final da década de 50 e início de 60 carregou consigo fortes característica do populismo e desenvolvimentismo. JK também foi acusado diversas vezesde corrupção. As acusações vinham desde os tempos em que ele era governador, e se intensificaram no período em que ele foi presidente.

Ainda hoje é um dos políticos mais admirados do cenário nacional, sendo considerado um dos melhores presidentes que o Brasil já teve.

BIOGRAFIA:
SILVA, Luiz Roberto da. Doce Dossiê de BH. Belo Horizonte, gráfica Editora CedáblioLtda., 236 p. 

Autora: 
Júnia Lemos, além de minha amiga blogueira, é formada em história pela UNI-BH em 1995, Pos-graduada e Brasil Colônia pela PUC/MG e Pós-graduada em História da Arte pela UNI-BH. 

SÁBADO, 5 DE DEZEMBRO DE 2009

Selo "este blog dá vontade de abraçar", presente da minha amiga Júnia


Ola meus caros amigos que “ora e outra” se esbarram com minha página. Recebi duas “congratuletion” da minha cara amiga Júnia, sempre ela ... do blog Vintage Blog. Obrigado Júnia.
Regras: Responder QUATRO perguntas e passar o selo a SEIS blogs:

Perguntas:
1- Quem mais gostas de abraçar, no presente: um abraço duplo em meus pais
2- Quem nunca abraçarias: Hitler
3- A quem davas tudo para poder abraçar: ...
4- A quem davas o teu melhor abraço: minha mãe

DOMINGO, 22 DE NOVEMBRO DE 2009

Empobrecimento Urbano: o caso da Grande Vitória


Com a obra, Industrialização e Empobrecimento Urbano: o caso da Grande Vitória1950-1980, a autora Maria da Penha Smarzaro Siqueira, conseguiu mostrar ao ávido apaixonado por história do Espírito Santo, á luz da história econômica, as transformações ocorridas na estrutura econômica capixaba, mais precisamente na década de 1960, e as implicações sociais desse processo.

INTRODUÇÃO

O trabalho de Maria da Penha vai detectar, de forma mais profunda, as questões fundamentais do processo de modernização econômica por que passou o Espírito Santo, no período de 20 anos (1960 – 1980), diretamente relacionadas às transformações ocorridas na Grande Vitória.

A autora propõe que a partir de 1960 houve um processo de mudança estrutural/conjuntural por que passou o Espírito Santo. Mudanças que foram acompanhadas por um amplo processo de industrialização e pela expansão urbana, que marcaria a década de 1970.

MUDANÇAS ESTRUTURAIS DA ECONOMIA DO ESPÍRITO SANTO

Conjuntura político-econômica nacional: o modelo de crescimento urbano

A autora nos mostra que até 1930, o crescimento da economia nacional dependia basicamente da produção agrícola. O Brasil exportava produtos primários e importava grande variedade de bens de consumo. A Primeira Guerra mundial, a crise econômica de 1929 e a Revolução de 1930 criaram então as condições para o início do processo de ruptura com o passado colonial. Assim nos anos de 1930 e 1950 há um desenvolvimento de um setor industrial. Surge um novo modelo de crescimento, significando um passo na maturidade do capitalismo brasileiro, com a chegada das empresas multinacionais.

A autora nos mostra que a partir de 1964 adentramos no contexto do capitalismo monopolista. Os militares têm a sua intervenção, na defesa da “ideologia nacionalista”, centrada na lógica da acumulação nacional, viabilizada pelo capital monopolista.

A partir de 1968, então, a economia brasileira dá início a uma acelerada expansão, caracterizando o “milagre brasileiro”. E que a partir de 1973 esse ritmo do crescimento começa a declinar.

Espíritos Santos e a realidade conjuntural

Maria da Penha nos mostra que embora o Espírito Santo estivesse situado na área geoeconômica do país (região sudeste) não acompanhou o mesmo dinamismo econômico regional, mantendo um caráter de subdesenvolvido. A isso a autora aponto como uma das causas a falta de expressividade política dentre as demais unidades do país.

O Estado ficou excluído, e a base agrária que caracterizava a economia capixaba não permitia ampliar os limites da dependência da economia cafeeira, geradora predominante da renda estadual. A estagnação econômica, portanto, mostrava-se nítida em dois pontos: na dependência do café e na falta de capital interno.

Na segunda metade da década de 1950 mudanças econômicas ocorreriam. Em função da queda do preço do café em âmbito nacional e internacional, dar-se-ia início a um a um novo ciclo de expansão de investimentos industriais, em nível nacional, que iriam causar impactos positivos no setor industrial capixaba. O Plano de Metas acabou incentivando a instalação da industria siderúrgica e da industria de cimento no Estado. 

A crise do café, vai nos dizer Maria da Penha, será um fator decisivo nesse processo de mudança, a partir de 1968, serão nítidas as conseqüências do processo de erradicação dos cafezais. É a partir da segunda metade da década de 1960, que se inicia uma nova fase da vida econômica do Espírito Santo. Os governos marcariam sua gestão priorizando o trabalho por uma melhor integração Espírito Santo/Brasil.

Década de 1970, e o Espírito Santo é, finalmente, incluído como área de atenção alocando-se recursos na produção de bens intermediários destinados ao mercado externo. A autora faz referência ao setor de metalurgia e celulose. Os lucros gerados por essas empresas, todavia, não seriam investidos no Estado.

Simultaneamente a esse processo ocorrera a desruralização e urbanização, houve uma incapacidade aguda dos setores urbanos absorverem todo o contingente de pessoas, acarretando em empobrecimento social. A região da capital transformou-se em centro de concentração das camadas mais desfavorecidas.

Declínio do setor cafeeiro e reorientação da economia estadual

No fim da décadas de 1940 e durante a década de 1950 a importância da cafeicultura na economia estadual foi acentuada devido a alta dos preços internacionais. Durante o período da segunda Guerra a produção de café brasileira havia decrescido em função da redução da exportação. A partir de 1957 iniciou-se um ciclo de superprodução no mercado internacional.

A fim de controlar essa super produção foram criados mecanismos de redução da supersafras: em 1961 foi criado o Gerca – Grupo Executivo da Recuperação Econômica da Cafeicultura – que elaborou o plano da erradicação dos cafezais com direito a indenizações. 

A indenização foi um meio encontrado pelos proprietários dos velhos cafezais para quitar suas dívidas e terem perspectivas de novos investimentos. Os efeitos do plano foram mais sensíveis nos pequenos e médios agricultores e o objetivo principal, que era forçar a diversificação agrícola, foi pouco significativo. A pecuária bovina, nos diz a autora, ganhou extraordinário dinamismo e acelerou-se a migração para as cidades.

O programa de erradicação dos cafezais desestruturou a economia capixaba, por outro lado, ajudou a promover recursos permitindo incremento de projetos agroindustriais – indústrias de madeira e de produtos alimentícios (cana de açúcar e carne). Até 1975, a expansão industrial no Espírito Santo foi comandada por pequenos capitais locais favorecidos pelos incentivos fiscais.

Através das ações conjugadas entre Governo Estadual e Governo Federal o Espírito Santo, a partir de 1975, Modernizou-se. Essa fase dependeu do financiamento do grande capital privado (nacional e estrangeiro).

A QUESTÃO REGIONAL E A POSIÇÃO MARGINAL DO ESPÍRITO SANTO NO ESPAÇO ECONÔMICO BRASILEIRO

Desigualdade regional do desenvolvimento – um enfoque histórico 

A partida da década de 1960, grandes transformações ocorreram ao passo que a atividade econômica se deslocou do setor cafeeiro para o setor industrial.

Estruturalmente no país existiam três regiões importantes, como núcleos econômicos: o nordeste, do açúcar, do gado e do algodão; o sul, da pecuária e agricultura alimentar; e o sudeste, do café e da pecuária. De fato o sudeste, das três regiões, foi a mais dinâmica em razão de sua íntima ligação com o capital internacional que fez através do comércio do café.

Todavia dentro do sudeste encontra-se o Espírito Santo que não acompanhou o nível de desenvolvimento regional. Maria da Penha aponta para esse problema como sendo resultado da falta de acumulação de capital, ao isolamento e devido a sua falta de infra-estrutura manteve grande dependência do Rio de Janeiro, sem contar que o Espírito Santo permaneceu marginalizado pela política centralista imperial. O que ocorrera com o Espírito Santo é que houve um predomínio de uma economia cafeeira familiar e o capital acumulado pelo Estado não fora suficiente para fomentar investimentos de vulto. Concluindo: embora o estado estivesse inserido no contexto da dinâmica econômica cafeeira, situou-se entre as regiões consideradas mais atrasadas.

Esse processo sé começou a ser alterado a partir da década de 1960, quando, por iniciativa do Governo Federal, aplica-se a política de erradicação dos cafezais. Dando ao estado novas perspectivas de desenvolvimento econômico.

Espírito Santo e a integração nacional

Existiam três barreiras que deveriam ser vencidas para dinamizar o processo de integração: a da concorrência, a representada pelos impostos interestaduais e a referente ao sistema de transporte.

Até o início dos anos de 1950, o Espírito Santo permaneceu em condições de quase total isolamento das demais regiões do país. Sendo o Porto de Vitória e a Estrada de Ferro Leopoldina seus principais veículos de integração. Assim a partir de 1960 ocorrerá uma expansão dos transportes do Espírito Santo com a construção da estrada litorânea BR 101, com a construção da BR 262 e da BR 259. foram, deste modo, criadas as condições necessárias para o novo ciclo de expansão da economia capixaba em âmbito nacional e internacional.

Assim, no final da década de 1960, começaram a ser viabilizados no Espírito Santo grandes projetos industriais dos setores siderúrgicos e paraquímico que receberam especial destaque nas prioridades do II Plano Nacional de Desenvolvimento (PND) 1975 - 1979. O eixo central do corredor seria a linha da E.F.V.M. (Estrada de Ferro Vitória a Minas). 

As mudanças estruturais caracterizadas pelo acelerado crescimento do setor industrial acarretou em uma série de distorções comuns no estado, tais como: fluxo intenso de migração campo/cidade; alto nível de desemprego nos centros urbanos; baixo nível de renda para uma grande parcela da população, por consequência, baixo padrão de vida para extrato menos favorecido.

A INDUSTRIALIZAÇÃO ACELERADA

Os Grandes Projetos Industriais: dinamismo de uma indústria urbana

Maria da Penha nos diz que o processo de modernização econômica configurou-se de forma brusca ocorrendo grande mudanças na estrutura da produção econômica: decadência das atividades tradicionais, crescimento acelerado da pecuária bovina, intensificação do processo e industrialização e o desenvolvimento de atividades ligadas ao turismo.

Na década de 1970 tem início a uma outra etapa do processo econômico, quando se concretiza as decisões de se implantarem no Estado os “Grandes Projetos Industriais”. Novo perfil que viabilizara investimentos em outros segmentos, identificados principalmente pelo setor de prestação de serviços.

O vulto desses investimentos elevou de modo considerável a economia do Espírito Santo e a aglomeração urbana sem levar em consideração seus efeitos. Evidenciando assim um acentuado desequilíbrio espacial na economia do estado.

O advento dos Grandes Projetos Industriais acelerou o fluxo migratório e a região da Grande Vitória não possuía infra-estrutura para receber o grande fluxo. Provocando efeitos negativos, como a marginalização dos trabalhadores menos qualificados, acentuando as desigualdades regionais e sociais. O desenvolvimento econômico transmutou-se em um estado de miséria e desemprego urbano, evidenciando um estado de “caos urbano” na região da Grande Vitória a partir da década de 1970. Havia um sério déficit com setores primordiais como: saúde, educação, habitação, segurança, transporte coletivo, lazer e etc.

Os municípios da Grande Vitória

A grande vitória era constituída por cinco municípios. De fato, nos mostra Maria da Penha, devido ao efeito de expansão da aglomeração, regiões foram gradativamente incorporadas.

Vitória

Vitória é uma ilha montanhosa o que acarretou em um congestionamento nas áreas de encosta de morros. Foi na década de 1960 que o processo de ocupação da ilha se intensificou, iniciando a descaracterização do espaço geofísico da cidade com a ocupação de áreas de mangues, morros e de periferias. A nova configuração espacial teve reflexos negativos na qualidade de vida da população como um todo.

Vitória recebeu migrantes do sul da Bahia, norte de Minas, Zona da Mata Mineira, norte do Rio de Janeiro e interior do próprio Estado, esses migrante buscavam trabalho e melhores condições de vida.

Cariacica

Teve sua ocupação urbana integrada ao processo de consolidação do pólo de Vitória, a partir da década de 1960.

Viana

O município de Viana repete, em linhas gerais, o perfil de ocupação de Cariacica.

Serra

Como Viana e Cariacica, o município da Serra possui características semelhantes em termos de ocupação e estrutura socioeconômica. A região abrigou também algumas atividades de apoio ao porto exportador de minério da Companhia Vale do Rio Doce.

Vila Velha

Apresentou um crescimento lento que se intensificou a partir do início da década de 1960, estimulado, nos diz a autora, pela conclusão e pavimentação da rodovia Carlos Lindenberg. O município não se destacou como centro industrial, até o final da década de 1970 possuía poucas indústrias, a maioria de produtos alimentícios. A ocupação de morros e mangues no centro e na periferia do município gerou favelas e contribuiu para evidenciar a falta de infra-estrutura urbana de Vila Velha.

O crescimento econômico e a hegemonia do grande capital

Apesar do crescimento apresentado pelo setor industrial, até 1975 ainda predominavam no Estado os pequenos e médios estabelecimentos industriais.

O crescimento desse setor, nos diz Maria da Penha, se apresentou com duplo aspecto: criou condições de trabalho para uma parcela da população com baixa qualificação e deu oportunidades a pequenas atividades autônomas de trabalho relacionadas a prestação de serviços – constitui o chamado setor informal. A crescente urbanização estimulou, consequentemente, a indústria da construção civil. 

A partir de 1975 daria início a segunda fase de desenvolvimento capixaba, caracterizado por uma nova dinâmica do processo de acumulação. Há uma intensificação do processo de diversificação econômica e modernização capitalista com a implantação de várias atividades não tradicionais, que, sobre a forma de grandes projetos de impactos, modificaram radicalmente a estrutura industrial do Estado.

Essa mudança foi comandada pelo “grande capital”, composto, em sua maioria, de grandes grupos estatais privados, tanto nacionais como estrangeiros.

DESENVOLVIMENTO ESTADUAL E EXPLOSÃO DEMOGRAFICA URBANA

A dinâmica da população

Ao analisar a dinâmica da população do Espírito Santo Maria da Penha revela dois grandes desequilíbrios na sua história demográfica: um deles situa-se no contraste entre povoamento da região sue e região norte, que apresentavam grandes disparidades em termos de concentração populacional.

A explicação, nos diz a autora, está na própria história. A partir da metade do século XIX a lavoura cafeeira que ganhou fôlego com a vinda de imigrantes europeus a população rural ganhou força.

O outro ponto reside na proporção do número de habitantes da região da Grande Vitória que já em 1940 se destacava como a região de maior concentração urbana estadual. Os anos de 1960 marcam justamente o período que inicia o grande esvaziamento das zonas rurais, e continuo aumento da população urbana.

BIBLIOGRAFIA:

SIQUEIRA, Maria da Penha Smarzaro. Industrialização e empobrecimento urbano: o caso da Grande Vitória, 1950-1980. Vitória: EDUFES, 2001. 179 p.


QUINTA-FEIRA, 19 DE NOVEMBRO DE 2009

Selo HiStO é HiStÓrIa: para quem faz história de verdade



Selo HiStO é HiStÓrIa é para aqueles blogs que fazem história de verdade ... é um selo oferecido aquelas pessoas que fazem com amor e carinho aquilo que gostam e que tem uma paixão em conhecer o seu mundo, o mundo do outro, o mundo de hoje e o mundo de ontem.

As regras são:

Deve indicar 5 (cinco) pessoas;
Sempre postar o link da origem do selo (http://www.dougnahistoria.blogspot.com/);
Sempre postar o link do blog que te ofereceu o selo;
Continuar sempre fazendo história;

Selo the early days, presente de minha amiga Junia


Meus caríssimos leitor,
minha amiga Junia do blog Vintage Blog, também historiadora, me presenteou com mais um selo. Isso é sinal de que nosso trabalho é e está sendo reconhecido e ser reconhecido é muito bom.

Obrigado minha cara amiga!

Indico mais 10 blogs que merecem esse selo:
Blogs indicados:


QUARTA-FEIRA, 11 DE NOVEMBRO DE 2009

Turco pobre, sírio remediado, libanês rico: a trajetória do imigrante libanês no Espírito Santo


O objetivo central do livro de Mintaha Alcuri,Turco pobre, sírio remediado, libanês rico: a trajetória do imigrante libanês no Espírito Santo (1910/1940), é fomentar um estudo da formação e do desenvolvimento da comunidade de imigrantes libaneses no Espírito Santo, no período de 1910 e 1940. A análise está centrada nos contingentes de libaneses que se estabeleceram nos municípios de Alegre, Cachoeiro de Itapemirim e Vitória. Sendo este um dos melhores trabalhos que trata da imigração turca no Brasil. 

O auto nos mostra que no Espírito Santo, o imigrante libanês, embora não buscasse a propriedade agrícola, estabeleceu-se em pontos estratégicos ligados à economia cafeeira, desenvolvendo atividades paralelas à produção do café.

O objetivo portanto, nos diz Mintaha Alcuri, é compreender as questões básicas que fundamentaram o processo de integração do imigrante à sociedade brasileira e de permitir, no caso específico da imigração de libaneses, o conhecimento dos conflitos socioeconômicos e culturais por eles enfrentados.

O autor nos dá marcos cronológicos referente a este processo migratório: 1) início da grande corrente migratória de libaneses para o Brasil, processo que se acelerou em 1914, com o desenrolar da Primeira Guerra Mundial (1914-1918). 2) estagnação do surto imigratório relativo a grupos libaneses no Brasil e de estabilidade econômica e política do Líbano.

No Espírito Santo, nos mostra o autor, esses imigrantes que aqui chegaram não formaram aglomerados, mas distribuíram-se aleatoriamente, de acordo com seu poder aquisitivo. Não buscavam fábricas ou as propriedades agrícolas. Dedicando-se especificamente ao comércio e às pequenas industrias.

LIBANES NAS ÚLTIMAS DÉCADAS DO SÉCULO XIX E NAS PRIMEIRAS DO SÉCULO XX

No primeiro capítulo o autor vai nos apresentar uma síntese da história do Líbano nas últimas décadas do século XIX e nas primeiras do século XX, até 1945, com a independência do país.

O autor nos mostra um Líbano com uma diversidade confessional composto por: xiitas, sunitas e drusos componentes do islamismo e grupos de cristãos maronitas e os greco-católicos.

O libanês esteve subjugado ao Império Otomano até meados do século XX. Algumas das razões que impeliram os libaneses ao primeiro grande surto imigratório encontram-se nas condições desse domínio e nas diversas formas de espoliação que estiveram sujeitos: um regime fundiário de herdeiros privilegiados, o fracionamento extremo de terras, a exploração fiscal e a ineficiência administrativa eram fatores que conduziam à pobreza. O cultivo de pequenos lotes, em toda a região não bastava para sustentar as famílias, em sua maioria muito numerosas.

Servir o exercito do inimigo, do opressor, era condição insuportável para a maioria daqueles imigrantes. Assim durante a segunda metade do século XIX e as primeiras décadas do século XX, o libanês realizou uma grande diáspora, que abalou toda a vida social e econômica do Líbano. A maioria era composta por cristãos, os mais perseguidos no domínio turco. O libanês imigrado, forneciam meios e incentivos aos parentes e amigos para que fizessem o mesmo. Havia entre eles uma forte crença num “Eldorado”, de que na América era possível fazer fortuna fácil. Após a guerra de 1914, as imigrações foram determinadas por razões de ordem econômica. O autor nos mostra ainda que em 1914, uma epidemia de tifo matava uma média de 40 pessoas por dia e, como se não bastasse, uma onda de gafanhotos assolou o pais.

Mintaha Alcuri enfatiza que duas causas principais se interpenetravam: o imigrante, possuindo um parente no pais receptor e necessitando melhor de vida, emigrar com maior segurança. É necessário considerar ainda: o espírito aventureiro e a busca de perspectivas; a guerra de 1914, que provocou fome e gerou recusa em prestar o serviço militar ao país usurpador; o acesso a propriedade fundiária de um novo país aparece como agente propulsor; amores frustrados, prepotência familiar, perseguição política e religiosa contribuíram para engrossar o rol de motivações. 

A maior parte dos que foram entrevistados entre os municípios de Alegre, Cachoeiro de Itapemirim e Vitória, nos dia Mintaha Alcuri, não chegaram ao Brasil em idade útil produtiva.

POR QUE O BRASIL?

O governo brasileiro incentivou e, algumas vezes, subsidiou a imigração. De início, a busca de trabalhadores rurais foi a razão primordial desses incentivos. Posteriormente, a necessidade de mão de obra para a indústria passou a ser o fator determinante para o incremento dos fluxos imigratórios.

Os libanês vindos ao Brasil, nos diz Mintaha Alcuri, não buscavam as fábricas ou as propriedades agrícolas. Dedicando-se, preferencialmente, ao comércio e as pequenas indústrias. A imigração foi espontânea, quer dizer, nunca houve um acordo entre os dois países para a vinda desses imigrantes. O Brasil teria sido escolhido pela possibilidade de acompanhar parentes ou unir-se com aqueles que já encontravam aqui.

Os libaneses não só aportaram em São Paulo, como também chegaram em outros estados da União, atraídos pelo desenvolvimento da lavoura cafeeira e, principalmente, pelo seu parque industrial, onde marcavam presença. 

O ESPÍRITO SANTO COMO DESTINO

Mintaha Alcuri, nos mostra que a marcha do café é que propiciou, efetivamente, a ocupação das terras capixabas. A imigração libanesa, porém, não obedeceu a padrões tão favoráveis: sua penetração, principalmente no Espírito Santo, não esteve subvencionada pelo seu governo ou pelo governo brasileiro. Sempre se instalaram por conta própria, ainda que ajudados por parentes já estabelecidos nas diversas regiões do estado. Não chegavam a levas determinadas.

O início dessa presença registrou-se na região de Itapemirim. Penetraram pelo interior até alcançar a Serra do Caparaó. Outros, ainda, vinham diretamente para Vitória, por via marítima, ou por fronteiras com Minas Gerais. 

Trabalhadores não qualificados, biscateiros e ambulantes, nessas atividades envolveram-se os primeiros imigrantes libaneses, no interior do Espírito Santo. Eram moços solteiros, vindos de zonas rurais e vilas. Vitória, Cachoeiro de Itapemirim e Alegre, receberam os imigrantes libaneses que, antes de tudo, estavam dispostos a agruparem junto a familiares. A escolha pelo Espírito Santo, Mintaha Alcuri aponta para o fato de que já possuíam parentes já estabelecidos aqui. 

O maior contingente de imigrantes libaneses chegou ao Espírito Santo pelo Rio de Janeiro. Embarcava-se de navio até a Barra de Itapemirim; de lá, utilizava-se uma barcaça que percorria o rio até Cachoeiro de Itapemirim, atingindo ainda, Castelo, Guaçui, em lombos de burros.

Solteiros e jovens, em sua maioria, os primeiros imigrantes libaneses que chegaram no Espírito Santo não possuíam dinheiro. Por isso, tornavam-se mascates, já que tal ocupação não requeria capital. No interior, abriam lojas e armazéns em pontos estratégicos e, na capital, lojinhas e armarinhos. A falta de transportes e as enormes distâncias entre os grandes centros e as pequenas vilas favoreceram a proliferação desses mascates e a sua permanência no interior do estado.

Em vitória, os ambulantes comerciam com fazendeiros, ovos, leite, frutas, bilhetes de loteria, cigarro, confecções, pão, sorvete, armarinhos, tapetes, quadros, espelhos, gravatas, amendoim. Da mulher libanesa, nos diz Mintaha Alcuri, cadastrada como ambulante, vendia doces, amendoim e fazendas. Mintaha Alcuri conclui que o mascate libanês esteve em todo o território capixaba.

Foram cadastradas as seguintes categorias ocupacionais: comerciantes de fazendas, donos de quitanda, secos e molhados, gêneros alimentícios, confeitaria, donos de botequim, depósitos e charutaria, ourivesaria, donos de pensão, fábrica de bebidas, sapateiro, entre outros. Muito deles, nos diz o autor, prosperaram de tal forma que se tornaram grandes atacadistas ou senhores de indústrias. 

Em entrevistas realizadas Mintaha Alcuri descobriu que existia um grande número de libaneses ligados à agricultura, nos anos de 1920. Alguns deles ocupavam terras devolutas do Estado e, naturalmente, o processo de legalização era muito difícil e moroso, principalmente para estrangeiros. É certo que a agricultura não foi a atividade preferencial. No entanto, a maioria do que a eles se incorporaram tornaram-se grandes proprietários.

A década de 1920, nos mostra o autor, foi o período de consolidação do comércio libanês de Cachoeiro de Itapemirim. A mobilidade dos libaneses em Cachoeiro foi favorecida, em certo modo, exatamente por sua condição de cruzamento de vias férreas e como escoadouro de produtos da região. Como centro convergente, foi também cidade dormitório. Nesta cidade, nos diz Mintaha Alcuri, os libaneses não se fixaram apenas na sede do município. Estabeleceram-se, também nos distritos.

Ocuparam prédios localizados no centro da cidade e em zonas comerciais, já que serviam ao mesmo tempo de comércio e residência. A medida que prosperavam no comércio ou na pequena indústria, aplicavam o seu capital na compra de imóveis.

Em alegre os libaneses que ali se instalavam se incorporavam a todos os ramos de atividades. É possível constatar, argumenta Mintaha Alcuri, que, desde o inicio do século XX, o ritmo de penetração e envolvimento dos libaneses na região era bastante expressivo. 

A BUSCA PERMANENTE DA IDENTIDADE

O imigrante libanês, portanto, como nos mostrou o autor, inseriu-se na sociedade capixaba através do exercício de determinadas atividade econômicas. Ocupou, portanto, posições definidas no quadro geral da economia. Sendo capaz desse modo de superar as dificuldades de adaptação e, ao mesmo tempo, de preservar os valores e tradições que asseguravam sua própria identidade nacional e social. Esse ideário, manifesto na manutenção e/ou criação de modalidades diversas de comportamento social, seria a base de uma “ideologia étnica” transmitida no discurso centrado na trajetória “turco, sírio, libanês”.

A consciência de que sua legitimidade social e sua conseqüente ascensão estavam totalmente dependentes de sua situação econômica e dos êxitos que pudessem alcançar. O desejo de enriquecer permeou todos os movimentos de adaptação e todos os passos da construção de suas vidas neste país. Esse imigrante despendeu-se de esforços possíveis para se livrar da situação de “turco”, apelido que, antes de tudo, lembrava sua condição de oprimido.

Três momentos de suas vidas no Brasil, a saber: a chegada com o passaporte turco, o momento de adaptação econômica e o estabelecimento de um negocio próprio ou afirmação em torno de uma atividade econômica específica. 

Um fato que deve ser mencionado é que o libanês sempre sentiu-se ligado à sua comunidade de origem.

As dificuldades dos primeiros momentos foram superadas à medida em que se adaptavam e se firmavam economicamente. Sem dúvida, o imigrante libanês teve como propósito o anseio pelo sucesso fácil e de retorno ao Líbano. Para a maioria dos libaneses a sua estada no Brasil era transitória.

Os depoentes sempre ressaltaram as saudades que sentiam de sua terra e dos parentes que haviam deixado lá. Muitos, entretanto, nunca puderam retornar porque seus negócios ou seus recursos não o permitiam.

Quanto ao casamento misto o imigrante ressaltava a dificuldade da língua e dos costumes. Os brasileiros, além disso, viam no “turco” o déspota, o polígamo, que escravizava mulheres – influências das lendas do oriente, nos diz Mintaha Alcuri. Os imigrantes não só alegavam as diferenças culturais como também criavam um estereótipo negativo da mulher brasileira, alegando que eram “indolentes e gastadeiras”. O casamento ainda obedecia o padrão tradicional, da escolha dos noivos e de um acordo estabelecido entre os próprios pais.

mulher exercia um papel preponderante na vida do imigrante libanês. No lar, na educação dos filhos, nas atividades comerciais, a sua presença foi marcante. Havendo casos, nos mostra Mintaha Alcuri, de mulheres que, após o falecimento do marido, assumiram os negócios. Muitas chegaram a formar grandes empresas.

A diversidade religiosa foi um grande obstáculo para o casamento dos libaneses. Os maronitas eram os maiores discriminadores dos drusos, por motivos históricos. Mintaha Alcuri enfatiza que, não foram transportados para o Brasil as rivalidades religiosas. Mas, de certa forma, foram mantido grande distanciamento entre os grupos.

Os libaneses do Espírito Santo também ergueram seu clube, situado no município de Vila Velha, o melhor do estado, chamado de Palácio de Mármore. O clube libanês do Espírito Santo foi fundado em 7 de março de 1937, ma cidade de Vitória, posteriormente foi construído o libanês da Praia da Costa, em Vila Velha.

CONCLUSÃO

O autor nos mostra, portanto, que o processo de inserção do imigrante libanês na economia e na sociedade capixaba está diretamente relacionada ao quadro mais amplo da vinda dos europeus para o Brasil e daqueles que chegaram ao Espírito Santo entre 1910 e 1940. Ao mesmo tempo, esse processo esteve afetado pelas inúmeras alterações que ocorriam na vida social e política brasileira.

Fatores determinantes e dominantes da imigração tais como: as pressões demográficas, o desemprego e as diversas crises ocorridas. Esses fatores vieram de encontro às necessidades básicas da economia brasileira, especialmente no que se refere à carência de mão de obra decorrente do desenvolvimento da lavoura cafeeira e do desenrolar dos primeiros momentos da afirmação do setor industrial de produção. Uma das características específicas da imigração libanesa no Brasil, que fugiu ao padrão de imigração dirigida, em massa.

O comércio foi sua opção natural. No Espírito Santo, os imigrantes libaneses monopolizaram as pequenas empresas comerciais e indústrias. Assim gradativamente, nos diz Mintaha Alcuri, o imigrante libanês foi penetrando na economia local.

Quando a sua inserção na sociedade brasileira, o libanês apresentou peculiaridades que distinguiram seu processo e definiram, de forma definitiva, sua fixação no Brasil. Sinais de incorporação definitiva à sociedade brasileira podem ser observados nos casamentos mistos a partir da terceira geração de libaneses.

O mais importante, porém, foi observar que o processo de adaptação e de inserção do imigrante libanês à sociedade brasileira, com base nos estudos no Espírito Santo, significou antes de tudo um processo de libertação. O Brasil, para o imigrante libanês, representou a recuperação de sua identidade, comprometida enquanto povo oprimido, expulso de sua terra. O que se podia conquistar, mais do que a riqueza, era a liberdade.

Bibliografia:

CAMPOS, Mintaha Alcuri.. INSTITUTO JONES DOS SANTOS NEVES.Turco pobre, sírio remediado, libanês rico: a trajetória do imigrante libanês no Espírito Santo (1910/1940). Vitoria: Instituto Jones dos Santos Neves, 1987. 159p.

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QUARTA-FEIRA, 4 DE NOVEMBRO DE 2009

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